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O Dia Internacional do Idoso, Diversidade e Etarismo: como superar barreiras para uma empresa mais inclusiva


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01 de outubro 2023

Autora: Camila Dela Rovere

Líder do Grupo de Diversidade de Gerações no MBA.

 

Em 1991, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia primeiro de outubro como Dia Internacional do Idoso.

A data não possui unicamente o objetivo de homenagear, mas principalmente de conscientizar e sensibilizar a sociedade para as questões de envelhecimento e a necessidade de proteção e cuidado com a população idosa.

É aproveitando o ensejo da data, que vem o questionamento, qual a relação da diversidade geracional e as empresas?

Atualmente, os idosos representam 14,3% dos brasileiros e, em 2030, o número de idosos deve superar o de crianças e adolescentes de zero a quatorze anos.  O que faz refletir sobre diversidade dentro de empresas, que já não é um assunto novo.

Um estudo de 2022, realizado em mais de 200 companhias no Brasil pela Ernst & Young e a agência Maturi, revela que a maioria das empresas pesquisadas tem de 6% a 10% de pessoas com mais de 50 anos em seu quadro funcional.

De acordo com o mesmo estudo, 78% das empresas consideram-se etaristas e têm barreiras para contratação de trabalhadores nessa faixa de idade.

Mas afinal, o que é etarismo?

Segundo Fran Winandy, consultora e especialista em Diversidade Etária e Etarismo e autora do livro “Etarismo: um novo nome para um velho preconceito”:

“O etarismo é a discriminação etária, ou seja, promovida em relação a indivíduos ou a um grupo baseado em estereótipos e preconceitos relacionados à idade. A crença de que uma pessoa possa ser menos capacitada e apta a exercer uma função apenas por ser mais idosa, por exemplo, configura uma suposição etarista. O mesmo se esta suposição ocorrer por considerar a pessoa menos capacitada e apta pelo fato de ser jovem demais. Um dos efeitos do etarismo é a segregação profissional de pessoas idosas, que gera um maior índice de desemprego da população mais velha.”

Nesse contexto, o Brasil está passando por uma inversão da pirâmide etária da população. Em pesquisa realizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ligado à Confederação Nacional da Indústria (CNI), a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), o número de brasileiros com mais de 50 anos aumentou 63,2% em 15 anos. Em 2006, eram 4,4 milhões de pessoas e, em 2021, passaram para 9,3 milhões – aumento de 110,6%.

O envelhecimento da força de trabalho brasileiro deixa claro que o etarismo é uma importante e necessária barreira a ser quebrada.

Em artigo, a especialista em Recursos Humanos Carolina Martins, de acordo com as dicas de Fran Winandy, elaborou oito pontos de desenvolvimento para que os negócios avancem em direção de mais inclusão, equidade e diversidade etária.

  1. Investir na sensibilização das lideranças e dos profissionais da área de Recursos Humanos realizada por especialistas;
  2. Promover o questionamento dos vieses inconscientes e preconceitos praticados na organização;
  3. Analisar os processos de entrada na organização, que muitas vezes utilizam travas etárias para o acesso de candidatos através de currículos, plataformas ou entrevistas;
  4. Desenhar ações intencionais de busca para equilibrar o Balanço Etário em áreas específicas que tenham uma desproporção entre o número de profissionais jovens e velhos;
  5. Desenvolver mentorias e mentorias reversas, que trazem inúmeros benefícios para todas as pessoas que participam;
  6. Disponibilizar programas de lifelong learning com trilhas que tenham foco na longevidade;
  7. Envolver especialistas no assunto para assessorar a organização a desenhar um programa de integração geracional adequado à sua cultura e objetivos, analisando todas as políticas e práticas da organização que possam conter vieses etaristas;
  8. Caso a empresa não tenha orçamento, ela pode começar a transformação através de um grupo de afinidade de Gerações.

Com as constantes evoluções do mundo atual, todos aprendem algo novo todos os dias. Reconhecer a diversidade de idades, significa reconhecer o potencial de cada pessoa para além do preconceito, confiando em suas habilidades e desenvolvimento.

Qualquer negócio deve estar em busca de inovação, eficiência e desempenho. Combinar perspectivas de indivíduos com experiências e trajetórias diversas, pode construir um ambiente mais criativo e apto para solucionar desafios de forma eficaz, trazendo ganhos para as companhias, para sociedade e para a vida não só da pessoa empregada, mas para todos que trabalham com ela.

Que esse dia internacional do idoso seja um momento de reflexão para a sociedade e empresas, que sejam implementadas soluções profundas, se possível com o apoio de profissionais e investimentos, a fim de que o etarismo deixe de ser uma barreira e que as diferenças geracionais passem a ser sentidas positivamente no dia a dia de trabalho de cada um.

Fontes:

https://www.linkedin.com/pulse/o-que-diversidade-et%C3%A1ria-e-neg%C3%B3cio-t%C3%AAm-ver-carolina-martins/

https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-06/etarismo-dificulta-insercao-de-maiores-de-50-anos-no-mercado

https://www.mpc.sc.gov.br/noticias/dia-nacional-do-idoso-e-dia-internacional-da-terceira-idade-e-comemorado-em-1o-de-outubro/

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